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O Viagra facilita o processo de ereção. A pílula é
uma alternativa de tratamento para homens com dificuldade de ereção
provocada por problemas psicológicos ou orgânicos leves e
moderados.
1. Ereção Normal
De todas as alternativas
para acabar com a impotência, o Viagra
é a mais indolor e fácil de ser adotada. E, apesar de não
ser a solução mágica para todos os homens com dificuldades
de ereção, pode ser a redenção para a maior
parte. O comprimido tem bons resultados nos casos em que a impotência
é provocada por problemas psicológicos ou orgânicos
não muito graves. E a experiência dos especialistas mostra
que 60% dos que vão aos consultórios são desse grupo.
"A pílula ajudará muito esses homens", diz o
urologista Eduardo Bertero, de São Paulo. Quando se entende
o caminho que leva à ereção – e o que trabalha contra
ela –, compreende-se por que a pílula é indicada para esses
casos. A ereção é a resposta do pênis a um estímulo
sexual. A partir dele, o cérebro envia sinais para o membro. É
em uma de suas partes, os corpos cavernosos,que se desenrola o processo
de ereção. Eles são estruturas parecidas com cilindros
cujo interior lembra uma esponja: trata-se de uma malha composta de tecido
muscular e conjuntivo (que dá sustentação) irrigada
por vasos sanguíneos e cheia de espaços vazios, os sinusóides.
Depois do estímulo, há a liberação de uma série
de substâncias: a primeira é o óxido nítrico,
que irá promover, por sua vez, o aumento da concentração
de outra substância, o GMP cíclico (GMPc).
É o GMPc que produz o relaxamento dos músculos dos corpos
cavernosos, o que permite uma maior irrigação sanguínea.
Os sinusóides se enchem de sangue, os corpos cavernosos aumentam
de volume e fazem com que a membrana que reveste os corpos (túnica
albugínea) se estique até um limite máximo. Mas como
a entrada de sangue continua, as veias que levam o sangue para fora do
corpo cavernoso são comprimidas contra a membrana até que
fiquem quase fechadas. O pênis fica como se fosse uma bexiga inflada
em que a saída de ar é mínima. Mantém-se ereto
e rígido. Esse processo é mantido até o orgasmo. Depois,
aumenta a ação da fosfodiesterase
( PDE-5), enzima que destrói o GMPc.
2. Com o VIAGRA
O Viagra age sobre a
fosfodiesterase.
Durante todo o processo, essa enzima também é liberada, assim
como o GMPc. As duas substâncias ficam
em lados opostos de um cabo de guerra: o GMPc promovendo a ereção
e a fosfodiesterase tentando interrompê-la. Em uma ereção
normal,o GMPc vence a briga e se mantém na ativa até o orgasmo.
É somente depois disso que a fosfodiesterase tem sua ação
aumentada a ponto de conseguir destruir o GMPc e amolecer o pênis.
Ao inibir a ação da enzima, o citrato de sildenafil
– o princípio ativo do Viagra – se
junta ao time do GMPc, ajudando a ereção. O problema
é que não é só a fosfodiesterase
que trabalha contra. A adrenalina – hormônio abundante em situações
de stress – é outra inimiga. Ela mantém os músculos
do corpo cavernoso contraídos, situação na qual é
impossível conseguir uma ereção porque não
há como inundar os corpos cavernosos. Por isso, homens estressados,
seja pela conta que esqueceram de pagar ou por medo de falhar, terão
dificuldade de conseguir uma boa ereção. É por isso
que nestes casos o Viagra ajuda. Ele joga
junto com o GMPc na briga contra a adrenalina
e a fosfodiesterase ( PDE-5).
Em homens muito estressados,
no entanto, nem o Viagra pode funcionar. Isso porque a quantidade de adrenalina
é tão grande que vence a guerra contra o time do GMPc mais
a pílula. Num estudo realizado pelo urologista paulista Sidney Glina
com 20 pacientes, apenas 60% dos homens que
apresentam problemas psicológicos responderam bem à
pílula. É por isso que é preciso ter cuidado com as
expectativas. Não se pode querer que um comprimido resolva um bloqueio
emocional. Dessa forma, o que poderia ser um auxílio vira
inimigo. Além da adrenalina, os outros inimigos
da potência masculina têm causas orgânicas. Entre as
mais comuns estão o entupimento dos vasos sanguíneos que
irrigam o pênis com placas de gordura e lesões nos nervos
que carregam os sinais do cérebro até o membro. Na
maior parte dos casos, essas lesões são provocadas pelo diabetes.
O alcoolismo e até medicamentos como antidepressivos também
podem provocar o mesmo problema. "A impotência é um
sintoma de que algo não anda bem", explica Sidney Glina. Em
todos esses casos, a eficácia do Viagra vai depender do grau de
comprometimento físico do pênis. Se os vasos estiverem muito
entupidos, por exemplo, a pílula pouco poderá fazer. "O tratamento
provavelmente não será efetivo em homens com disfunções
eréteis causadas por severos comprometimentos
dos vasos sanguíneos", escreveu o médico Robert Utiger no
editorial da penúltima edição da revista The New England
Journal of Medicine. Na mesma edição, foram publicados os
resultados de um estudo coordenado pelo médico Irwin Goldstein,
do Centro Médico da Universidade de Boston, feito com 861
homens. Parte tomou o Viagra e parte tomou
placebo (pílula sem nenhum medicamento). Foi constatado que 69%
das tentativas de relações sexuais foram bem-sucedidas
no grupo de homens que tomaram a pílula, contra 22%
dos que receberam placebo. Quando se fala em relações bem-sucedidas,está-se
referindo a homens que conseguiram ereção. Nada a ver com
o tempo que ela dura. Isso vai depender do
grau de excitação do homem. O que o Viagra faz é facilitar
essa ereção a partir do estímulo sexual em homens
com dificuldades emocionais ou orgânicas. A partir daí, a
relação vai correr como qualquer relação normal.
O único cuidado que se deve ter é o de tomar o remédio
uma hora antes do ato. Isso porque o pico de ação da droga
acontece uma hora depois da ingestão. Essa concentração
máxima do remédio no organismo continuará por cerca
de uma hora. Depois, os níveis vão baixando até, quatro
horas após a ingestão, não haver mais efeito do remédio.
Apesar do entusiasmo, os médicos recomendam cautela. "Em qualquer
droga nova, não há condições de avaliar o exato
grau de eficácia e os efeitos colaterais. Essa análise só
é feita durante o uso contínuo por um período mínimo
de um a dois anos", afirma o urologista paulista Celso
Gromatzky. Por enquanto, o que se sabe é que o
Viagra
apresenta efeitos colaterais transitórios, como dor de cabeça,
diarréia e distúrbios de visão (confunde-se o verde
com o azul). Além disso, sabe-se também que quem toma remédios
do grupo dos nitratos (um tipo de remédio que dilata as artérias
do coração) deve ficar longe da pílula. Estudos da
Pfizer mostraram que há o risco de a combinação
dos dois remédios provocar uma queda brutal de pressão, complicação
que pode ser fatal. Por isso o remédio só pode ser vendido
com receita médica (tarja vermelha).
Quem não pode se
beneficiar com o Viagra tem outras opções.
É verdade que todas são menos confortáveis. É
difícil imaginar um homem colocando um supositório
na uretra, como o Muse, sem sentir um arrepio. Até porque, em relação
à eficácia do medicamento, há divergências.
Os médicos garantem que ele só funciona em 40% dos usuários,
mas o laboratório Astra – responsável pela sua comercialização
no Brasil – lembra que os resultados de um estudo feito com mais de 1,5
mil homens mostram que 64,9% deles tiveram relações sexuais
com sucesso usando o Muse. Portanto, para recuperar a potência perdida
é preciso identificar o que provoca o problema. Depois, com o médico,
escolher o tratamento. E boa sorte.
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